Desculpe, mas preciso falar dos rótulos.

 Oi gente! 
Tenho uma novidade bem bacana pra vocês: a partir de hoje, a mamãe Aline de Paula vai escrever pro UMF também! <3 
Muito amor por essa preta guerreira, que escreve super bem. 
Seja bem vinda, Aline!

POR ALINE DE PAULA

Essa semana eu conheci a Maria. Aparentava ter 40 e poucos anos, disse ter um filho de 20 e poucos anos. Conheci Maria no metrô, enquanto eu estava pedindo informação... Bem arrumada, salto alto, cabelo afro (lindo de se ver e se orgulhar), sorriso largo, parecia bem feliz. Ela me passou a informação que eu buscava e seguimos a viajem juntas, conversando como melhores amigas (sim, porque eu faço amizades em tudo que é lugar). Por algum motivo, que não me lembro, a conversa entrou no assunto “relacionamento” e foi então que Maria disse onde estava indo... “Estou indo para a casa do meu ex...” Eu ri. Ela disse em um tom engraçado, despojado. E continuou a falar... “não pense que estou indo pedir pra voltar, não. Só vou pegar minhas coisas” eu concordei com a cabeça, e disse “ainda que fosse pra voltar, eu não tenho nada a ver com isso, que dirá a julgar.” E então, ela resolveu se abrir... “Não, minha filha, olha... você tem idade pra ser minha filha, então escute bem... eu estou indo pegar as minhas coisas. Aquele homem é um louco. Você é nova, ainda vai ter um louco na vida, eu espero que não, mas todas têm” (Ela não sabia que eu tive um louco na vida, e nem precisava saber, eu então apenas ouvi) “Ele bebe, e não é uma bebida no final de semana, são varias, e ele diz ver coisas, conversa com pessoas e diz ser entidades” Nesse momento, eu só consegui rir e dizer “talvez ele veja, mesmo” e ela continuou “Não, que isso! É loucura, porque ele só vê esses trecos quando bebe algumas, sóbrio não vê nada.” Eu então entendi e preferi me calar. Mas, parecia que ela precisava desabafar, não sei... e continuou “Uma amiga minha me apresentou ele, parecia normal e a gente foi se envolvendo. Veja só, não tenho mais idade pra ficadas e começamos a namorar sério. Mas ele é bem louco e eu saí fora. Agora estou indo realmente buscar minhas coisas. Já liguei pra essa minha amiga, disse que ela vai ter que ir comigo retirar as minhas coisas de lá, porque se ela me enfiou nessa, ela vai me tirar. Ele disse que se eu fosse lá buscar tudo, ele enfiaria uma faca em mim, e minha filha, sabe o que eu descobri? Lá na rua dele, o apelido dele (secreto, claro) é chuck... já imagina o porquê né?!” Eu fiz uma cara de assustada e ri. Eu não ri por achar graça, eu ri de nervoso! Maria estava talvez, convivendo realmente com um louco! Ela não relatou ciúmes, não relatou agressão física nem verbal, mas relatou uma ameaça. Isso é bem grave. Eu não sei onde ela está agora... Não trocamos telefone, nem nada! Mas trocamos histórias. Maria ficou sabendo para onde eu estava indo, o motivo da minha alegria, os meus sonhos e sobre as pérolas faladas por Giovanna (minha filha mais velha), e eu fiquei sabendo do medo de Maria em buscar as coisas dela sozinha, da loucura do ex-namorado alcoólatra, e que ela odeia gírias. Eu imaginei Maria, uma executiva ou alguma secretária (pela vestimenta, pelo linguajar maravilhoso), mas no fim da conversa, Maria era uma empregada diarista. Ela me imaginou uma garota de 19 anos, fazendo faculdade, indo dormir na casa de alguma amiga, quando na verdade, eu era uma garota de 23 anos, indo dormir na casa do namorado por ter deixado o pai dos meus filhos dormirem com eles em um final de semana. Maria é/foi mais uma mulher vitima de loucos. E cada vez que eu olho pra uma mulher na rua, eu penso se ela já passou pela mão de um louco ou se ainda acredita que isso é exagero de mulheres que não sabem respeitá-los como homem.

Comentários

Postagens mais visitadas