A magia (ou não) da maternidade
Eu desde que me entendo por menina, sempre quis ser mãe. Não
via o meu futuro sem um filho, sem uma vida a dois marcada por uma criança. Só de pensar em ser estéril, eu chorava rios. Com o tempo, isso passou a ser um
desejo latente, e mesmo não planejando, engravidei.
Todo mundo quando abre a boca pra falar da maternidade,
sempre a descreve como algo mágico, perfeito, transcendental. Um amor
incondicional que surge instantaneamente. Você olha e fala: “caramba, como deve
ser?”. Quando eu estava grávida, pensava nisso a todo o tempo. Ate que a
cesariana veio, o Gael saiu, eu fiquei surpresa, emocionada, feliz, mas não
apareceu o amor incondicional de que tanto falavam. “Cadê? Não to sentindo. Sou
uma péssima mãe.” Sim, fiquei surpreendida de como aquele serzinho tão pequeno
saiu de dentro de mim, fiquei feliz por uma nova vida, mas... Sabe quando falta
alguma coisa? Não tinha a magia que eu via nos programas de bebês da Discovery
Channel.
Hoje meu filho tem 3 meses. E só com esse tempo fui
descobrir, que o meu amor de mãe se construiu. Ele não apareceu
instantaneamente como nos contos de fadas, ele cresceu a cada toque, a cada
colo, a cada cheiro, a cada sorrisinho reflexivo do Gael. E é um amor que só
aumenta, todo dia quando o vejo pela manhã acordo mais apaixonada por ele. E o
amor instantâneo não surgiu pra mim, mas isso não faz de mim uma mãe ruim. Eu
descobri que sempre o amei incondicionalmente, eu só ainda não estava
hormonalmente em condições de ver isso, e a nossa convivência que possibilitou
essa descoberta.
SER MÃE NÃO É VIVER NUM MUNDO DE AMOR. Filho dá trabalho,
chora, te irrita num dia estressante, te tira o sono, te suga, te desgasta, te
faz ter vontade de sumir ás vezes. E nem por isso são menos apaixonantes, ou o
amor é menor ou menos incondicional. Eu me sentia péssima ao ver aquela
fantasia toda de “amo eternamente para sempre como consegui existir sem isso” e
eu não estar vivendo aquilo. Me sentir uma mãe ruim, me sentir uma mãe
desprovida de coração. Eu chorava nas minhas orações pedindo pra ser invadida
também por aquele amor incondicional e puro que tudo suporta e tudo crê. Mas
demorei pra ver que a maternidade não é uma só pra todas as mães. E não foi
assim pra mim. E também vi que a vida perfeita da maternidade é uma ilusão: eu
não era desumana e sem coração porque me irritava pela falta de sono. Pelo
contrário. Seres humanos não são perfeitos, as relações entre eles também não
são. Relação de mãe e filho não seria diferente.
Pode ser que tudo o que eu escrevi não se encaixe a você.
Mas pra muitas que se sentiram como eu, saibam que não são as únicas. E não
finjam uma perfeição que não existe: os hormônios, o cansaço, tudo colabora
para que essa magia toda não aconteça muitas vezes.
A magia da maternidade é sofrer isso tudo e de repente, num
momento, num olhar ou ás vezes num simples colo, ver que você não consegue
viver sem ele. Que mesmo com a falta de sono, de dinheiro, com as dores, com os
desesperos de ter um bebê, o sorriso dele ainda é o maior bom dia que você pode
receber. Que mesmo com tudo isso, você se preocupa, põe o dedinho no nariz pra
ver se respira, cobre, escolhe a roupinha exata pro dia frio, mede a
temperatura se acha que tá quente, leva no médico, sofre com os dias de reação
a vacina. ISSO É SER MÃE. Hoje me acho uma mãe satisfatória: não sou perfeita.
Sou destrambelhada e distraída. Mas sou a mãe que posso ser. Faço o meu melhor
e sou incansável nisso, pra cuidar bem do meu filho. Dou amor e carinho, e sei
de cor os dias das próximas vacinas e do próximo pediatra dele. E mesmo com
todas as dificuldades, sei que se eu não tivesse ele, eu não seria tão
completa.
Amei teu blog, tudo lindo!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMinha eterna e amada Karoline Miranda,memorável seu depoimento! Está muitoooo bom!! Você autoriza a "partilha"?
ResponderExcluirEstou orgulhosa de você! Bom,depois de 29 anos de maternidade:
"A verdade é que a gente não faz filhos. Só faz o layout. Eles mesmos fazem a arte-final..."não recordo o autor... E aproveitaria para refletir:
o "ser mãe",é um eterno rascunho...e aí está a belezura da vida! Muitos beijos em você e no Gael. Te amo!!! :)
Meu filho ten 18 dias e eu só vi dificuldade na maternidade.
ResponderExcluirPenso mil vezes que deveria ter pensado mais e talvez entendido que a maternidade nao é pra mim. Nao sebri emaoçao no parto o contrario tenho pavor em lembrar dele. E sinto um desespero enorme todos os dias. Meu Deus como vai ser daqui pra frente.