Anotações de um dia comum (ou troca de calmante)

Cheguei da faculdade mega pilhada. Tinha 3 fichamentos a serem feitos, matérias que eu não sabia se desistia ou não, compromissos políticos, tudo. Entrei na sala de casa e ao ouvir o barulho das chaves, um rosto se iluminou todo. Ainda totalmente atarantada com meus - tão pequenos, coitados - problemas, comecei a resmungar sobre, indo pra geladeira e pegando um copo d'agua. Enquanto isso, dois olhinhos brilhavam em minha direção enquanto eu andava de um lado pro outro. Seus ouvidos ficavam fascinados ao ouvir minha voz, mesmo que ela estivesse esbravejando, era a minha voz, só isso bastava. E assim aquele pequeno rosto ficou, me admirando enquanto eu reclamava da vida, dos problemas, do trabalho. Cansado de só admirar, ele emite um som alto para chamar minha atenção. E aí eu paro e olho pra ele decentemente pela primeira vez desde qhe cheguei em casa. E lá está aquela coisa minúscula e gordinha olhando pra mim, radiante, abrindo um sorriso sem dentes iluminado e os braços pedindo colo. Prontamente atendi ao pedido. E no meu colo ele se aninhou, pousou a cabeça sobre o meu peito e lá deitou...
Veja só.  Eu estava esbravejando sobre problemas tão banais, quando alguém estava irradiando felicidade pelo simples fato de eu ter chegado. Como era importante a minha presença!  Como era feliz o momento em que eu chegava. E eu me importando com a matéria da faculdade...
Não me perdoei por tal fato. Mas depois parei pra pensar que isso acontece tantas vezes com tanta gente. A nossa vida é tão corrida, tão absurda, que às vezes perdemos momentos preciosíssimos, como um pedido de colo ou um sorriso espontâneo. E isso é um erro muito grave!  Até com a gente mesmo.
Agora, sempre que eu chego em casa estourada, triste, revoltada, a primeira coisa que faço é olhar pro meu filho.  E a expressão dele continua a mesma da primeira vez: sorriso aberto, olho brilhante, empolgação nítida. Quando eu olho tudo isso nele, numa coisa tão simples, eu vejo que todos os problemas se tornam mais fáceis de suportar. Experimente trocar seu calmante pelo sorriso do seu pequeno. É mais saudável e com certeza, mais eficaz.