Mãe, vírgula.

As pessoas às vezes me perguntam porque o nome do meu blog é esse. Sonhos em colisão.  E o pior é que eu sempre achei ele muito óbvio, mas parando pra pensar, nem todo mundo é mãe e sabe como é.
Quando você se torna mãe aos 19, como eu, acaba perdendo oportunidades e deixando de lado muitas coisas importantes na vida. Muitos sonhos, os quais você planejou, almejou, acariciou com tanto amor e carinho, batem de frente com o sonho (ou não) de ser mãe. Toda a a realização dos primeiros sorrisos, cheirinho de neném, amamentação, brincadeiras e ensinamentos que um filho trás pra nossa vida, colide diretamente com a faculdade ou a pós que você queria fazer. Com o apartamento que você pensava em comprar. Com a carreira que você sonhava construir.  Com aquela viagem sonhada por anos a fio que você finalmente realizaria. Ou com pequenas, porém essenciais, mudanças: aquele barzinho de fim de tarde com um chop gelado. Aquele filme à dois que você gostava de ver aos finais de semana. Ou até dormir até 12h no domingo. Tudo se torna mais restrito quando se é mãe.  Pior ainda se, como eu, você é uma mãe solteira.
Eu sempre lia muitas coisas até mesmo grávida, em que nada disso faz falta porque seu filho te preenche em tudo.  Se você, como eu, leu e acreditou nisso te digo de antemão: mentiram pra você. FAZ FALTA SIM. Por mais que um filho te preencha, que o amor te invada de tal forma que você seja capaz de dar sua vida por ele, você vai um dia chorar porque não consegue finalizar um banho. Vai repensar todos os sonhos que criou, e mesmo totalmente realizada com seu filho, vai pensar em como seria.  Como poderia ter sido. O que com certeza você pode realizar, mas no futuro. O quanto da sua vida você vai adiar em prol de um filho...
Se vale a pena? Com certeza.  A cada segundo. Como eu já disse, eu não vou ser hipócrita. Não vou mentir pra você falando que nada disso mais tem importância. Tem sim. Toda a importância. Mas TUDO, substancialmente TUDO vale a pena pelo sorriso de um filho. Pelos primeiros carinhos, primeiros abraços, primeiros contatos. Por ver os olhinhos brilhando quando você chega em casa.
Mas sonhos colidindo não andam. Eles só colidem, se chocam, mas não caminham.  Por isso, procuro a coalizão deles. E sou MUITO julgada por isso. A rotina do Gael é básica: de manhã eu vou pra faculdade, ele pra creche. No início da tarde, eu o busco e ficamos juntos até o dia seguinte. 7 dias por semana. De 15 em 15 ele passa um dia com o pai. E de vez em quando, eu me permito pedir um help aos meus pais ou à ele mesmo, pra ficar com o Gael enquanto eu vou a um evento, ao cinema, a um barzinho com os amigos. Ou até numa balada.  Para que eu possa espairecer.

E acreditem só o que acontece? Sempre tem alguém, surgido do nada, pra dizer que eu não sou uma boa mãe.  Que eu não cuido do Gael. Que eu não me dedico. Típico, né?  Mas não condiz com os fatos.
E os fatos são:

Sabe quem dorme com meu filho? Eu
Sabe quem cozinha pro meu filho?  Eu
Sabe quem leva meu filho a creche?  Eu
Sabe quem acorda de madrugada?  Eu
Quem leva pro médico, pras vacinas, pra passear? Eu também.

E faço sozinha.

Digo isto, porque as pessoas tem mania de pré julgar as mães como se elas tivessem o poder de criar nossos filhos muito melhor do que nós.  E isso pode até parecer fofoca, maledicência e coisa sem importância.  Mas pra gente como eu, por exemplo, isso se torna depressão, falta fr segurança e tristeza.
E foi assim, até que eu simplesmente afirmei pra mim mesma, que ninguém cuidava do Gael melhor que eu. Que eu era a melhor mãe que eu podia ser, e aprendia com isso.

Ser mãe não te impede de ser mulher. Isso é o que a sociedade - machista, diga-se de passagem - quer que você pense. Que você tem que se anular para criar seu filho.  Se for em casa se fechando pro mundo e cuidando do lar então, oh! Tá perfeito.

Mãe cuida do bebê e da casa. Mas mãe assiste tv. Mãe bebe. Mãe namora. Mãe dança.  Mãe tem amigos. Mãe tem vida social. Mãe tem Facebook, Twitter, whatsapp.  Mãe trabalha.  Mãe faz sexo. Mãe joga baralho. Mãe é mãe, mas não é SÓ mãe.  Ela é mãe, é do lar, da rua, da vida. Ela também é uma mulher como outra qualquer.

Por mais gente que não queira ser mãe dos nossos filhos.  E que toda maledicência venha em forma de papinha, fruta, brinquedo, fralda e livros infatis. Amém! 

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