Desabafo

Hoje quis chorar.
Hoje não vou fazer textão de auto ajuda nem nada. Só quero falar. 

Falar que ser mãe também é NÃO AGUENTAR.

Não aguento mais o ritmo intenso de chegar do trabalho e jogar 20 partidas de futebol.
Nem de não conseguir dormir à noite porque Gael não deixa nem eu virar sem chorar gritando "mamãe".
Não aguento mais gente palpitando sobre "olha, eu já passei por isso e eu acho que deveria ser..."
NÃO, NÃO PASSOU.
Ninguém que se dignou a falar essa frase pra mim foi mãe solteira aos 19 pra contar a história.

EU NÃO QUERO SER VÍTIMA. Só quero um fechar de olhos.
Sabe? Fechar por alguns minutinhos, abrir e ter vida.
Respirar.
Ler.
Escrever.

"Você vai ter outro né? Porque seu próximo marido vai querer outros filhos"
Como se meu próximo marido fosse dono do meu útero.

Anseio muito outro filho. Em outra realidade.
Sem contar moeda. Sem depressão pós-parto. Sem ter que levar filho pra faculdade.
Sem casa dos outros. Sem olhar de pena nem de reprovação. Sem doação de outros. Sem ter que ficar escolhendo se dá presente no natal ou dia das crianças.

Enquanto isso, gero o Gael fora de mim.
Queria que ele vivesse outra realidade de mãe.
Mãe em tempo integral pra ele, mãe madura, mãe independente financeiramente.

Enquanto isso, Gael gera uma mãe.
Despreparada. Desesperada. Exausta. Sem dinheiro. Universitária (o que é um defeito no nosso país, já que não dá pra ser os dois). Por consequência de vida e vivência, comunista. Feminista dentro de um feminismo que chama o próprio Gael de demônio e indesejado.

Enquanto isso, nos geramos.

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