#MêsdaVisibilidadeLésbica: a mãe lésbica negra, por Lorena Oliveira

Mês da visibilidade lésbica, agosto. Fala-se muito sobre diversos assuntos, mas não é sempre que lembram que tem sapatão que é mãe. Tem as que já trouxeram filhos da época em que ainda estavam sob a heterossexualidade compulsória, outras tiveram com suas companheiras, adotaram e outras ainda sonham em ter.
A gente vive sendo julgada, como se ter filho nos fizesse menos lésbicas. A impressão que as pessoas tem é que a qualquer momento vamos arrumar um homem, mas a gente ama mulheres, e somente elas! Nossos relacionamentos sempre serão com mulheres, mesmo que tenhamos filhos, e não, isso não vai afetar na educação das nossas crias.
Se ser mulher negra ja não é fácil, imagine ser mulher negra mãe, imagine então ser mulher negra mãe e lésbica. Não é fácil de achar emprego, as pessoas nos julgam, recriminam, olham torto. Mas a gente resiste. É foda pensar que enquanto a gente tenta criar uma criança que não cresça aprendendo preconceitos, do lado de fora de casa sempre vai ter um pra dizer besteira. Mas a gente segue resistindo.
Hoje, parte do que me move esta no amor da minha filha, e no amor que eu nutro pelas mulheres. São partes de quem eu sou, da minha felicidade, duas coisas que só poderiam andar juntas sabe?
É foda sim, mas eu não poderia ser mais feliz. É foda mas não é pior do que ter que esconder quem eu sou. Não é pior do que fingir algo que não existe, não me machuca mais do que pensar que eu nunca seria feliz. Agora eu sou feliz, encontrei meu caminho e ter minha filha do meu lado me da forças pra pensar que, independente da forma que eu ame, eu quero ser exemplo pra ela, quero que ela saiba que pode ser feliz da forma que a fizer bem e que poderá sempre contar comigo.
Num mundo que odeia mulheres, ser mulher e amar outras mulheres é resistência. Não somos diversidade, somos resistência!

Lorena tem 21 anos, é camelô e mãe da Celina.
Julianna, sua companheira, tem 18 anos e é estudante.

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